Está à procura de um novo apartamento? A sua renda aumentou desproporcionadamente? Não consegue fazer face às despesas porque tem demasiadas despesas para pagar? Não está sozinh@.
A crise da habitação é um problema generalizado em toda a Europa, especialmente em Portugal.
Muitos dos jornais mais famosos da Europa abordaram o tema « crise habitacional », citando vários fatores como as taxas de juro, a escassez de oferta, o acesso limitado ao crédito e muitos outros. Mas vamos tentar perceber juntos, em termos mais simples, o que está a acontecer ao mercado da habitação, com foco em Portugal, e porque é que este problema não deve passar despercebido.
Em termos temporais, o início da crise do mercado imobiliário na Europa começa na segunda metade da década de 2000, atingindo o seu auge durante a crise financeira mundial de 2008.
Em Portugal, os mercados financeiro e imobiliário foram fortemente ameaçados para esta crise económica mundial e, em 2011, o país recorreu à ajuda financeira internacional. Para equilibrar as contas e responder às exigências dos credores, o país aceitou o investimento estrangeiro, graças a uma série de medidas, designadamente os « vistos gold », autorizações de residência concedidas a investidores ricos, ou benefícios fiscais para pensionistas estrangeiros e ‘nómadas digitais’. Estas medidas contribuíram grandemente para estimular o mercado imobiliário e renovar as grandes cidades, que estão a assistir a um aumento das rendas de curta duração em resposta ao afluxo de turistas.
De acordo com um ‘policy paper’ efetuado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) (A. Botelho Azevedo & J. Pereira dos Santos cidados em Eco), entre 2012 e 2021, o custo da habitação aumentou 78% em Portugal, em comparação com um aumento de 35% na União Europeia. O Financial Times também teve uma palavra a dizer com um artigo importante que ilustra, através de exemplos concretos, a dimensão continental do problema: na Europa, os preços das casas e das rendas estão a aumentar muito mais do que o crescimento do rendimento das pessoas. Esta situação gera dois grandes problemas: o primeiro é a clivagem social, uma vez que o aumento dos preços afeta a população de forma muito desigual, pois os que já possuem casa própria enriquecem graças ao aumento exponencial do valor das suas casas, enquanto os que estão à procura de casa, por outro lado, não conseguem encontrar uma habitação acessível e compatível com os seus rendimentos. O segundo problema é uma consequência do primeiro: os jovens que procuram habitação para a sua independência são obrigados a ficar mais tempo em casa dos pais devido aos preços desproporcionados, o que aumenta o número de pessoas a viver em casas sobreocupadas. De acordo com outro documento de política intitulado A Crise da Habitação nas Grandes Cidades - Uma Análise, atualmente, um jovem que queira comprar ou arrendar uma casa tem de estar bem integrado no mercado de trabalho e, se estiver mais inclinado a comprar uma propriedade, tem de ser um grande poupador e, possivelmente, ter financiamento privado, muitas vezes da sua família.
Perante esta grave crise de habitação, estão a ser procuradas várias soluções a médio e longo prazo para garantir, simultaneamente, uma maior acessibilidade e uma redução do aumento dos preços e das rendas: criar zonas de expansão habitacional no interior das áreas metropolitanas, de forma a garantir também transportes públicos; redefinir o quadro regulamentar da construção e da reabilitação urbana, apostando num novo processo de autorização, muito mais prático e que contribua para aumentar a elasticidade da oferta; rever a fiscalidade em função da reabilitação urbana e da construção, favorecendo a estabilidade e incentivando o investimento; aumentar a habitação pública para promover a coesão social e incentivar os projetos de built-to-rent.
Está a pensar mudar de casa? Mudar-se para Portugal ou para qualquer outra cidade europeia? Eis alguns conselhos que podem ser úteis se quiser fazer uma mudança ‘logística’ na sua vida:
- Se quiser comprar uma casa com hipoteca, tem de poupar pelo menos 20% do montante necessário para a compra, mais 10% para os custos burocráticos associados.
- Se preferir arrendar, determine o seu orçamento mensal para a renda e certifique-se de que inclui todas as despesas associadas, como contas, impostos e manutenção
- Avalie sempre a localização da casa em relação ao seu trabalho, aos transportes públicos, às escolas, aos hospitais e a outros serviços importantes, pois isso permitir-lhe-á poupar dinheiro em transportes por não ter transporte próprio, e uma casa bem servida também vale muito mais se a quiser revender
- Preste atenção às condições contratuais, sobretudo compreenda as obrigações em matéria de manutenção, as condições de rescisão e as eventuais penalizações
- Faça uma inspeção minuciosa para verificar o estado do imóvel e comunique quaisquer danos ou problemas ao proprietário
- Verifique a duração da renda. Alguns contratos são de longa duração, enquanto outros podem ser mais flexíveis
- Decida qual o tipo de imóvel que melhor se adapta às suas necessidades, como uma casa unifamiliar, um condomínio ou um apartamento. Avalie também a dimensão do imóvel em relação às suas necessidades actuais e futuras
- Informe-se sobre as opções de financiamento disponíveis e certifique-se de que está pré-aprovado para uma hipoteca antes de iniciar a sua procura de casa
- Pesquise o historial dos preços de mercado na área circundante para ter uma ideia se o preço proposto é justo
- Observe a área circundante, o seu crescimento económico e os planos de desenvolvimento futuro. Isto pode influenciar o valor da sua propriedade ao longo do tempo.
Referências bibliográficas
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Cette page a été rédigée pour la revue ROMA 4/2023 par Ludovica Mancinelli. |
